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segunda-feira, 21 de julho de 2014

ATIVISTAS PRESOS - HABEAS CORPUS - ARGUMENTAÇÃO PÍFICA.

Fonte: Imagem Internet - Sininho.
A organização não governamental (ONG) Justiça Global sobe o tom contra as prisões de ativistas no Rio de Janeiro. A entidade mandou ofício ao governo federal cobrando “mudança de posicionamento sobre o caso” e a criação de uma comissão especial para acompanhar o processo. A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, que investiga a participação de manifestantes em atos violentos, anunciou que pediu a prisão preventiva de 26 pessoas, incluindo as 12 que foram soltas. Cinco suspeitos continuam presos e nove estão foragidos.  Os 26 suspeitos que tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça no Rio terão que responder por formação de quadrilha armada. Cerca de 19 pessoas já foram presas na manhã de sábado (12), um dia antes da final da Copa do Mundo, que acontece no Maracanã, às 16h. Entre os presos, há um professor de história, morador da zona sul, que não teve o nome divulgado, e a ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho. Dois adolescentes foram apreendidos.
 Segundo nota enviada à imprensa, a Justiça Global enviou ofícios ao Ministério da Justiça, à Secretaria de Direitos Humanos, ao Congresso Nacional e ao Conselho Nacional de Justiça. Nos documentos, denuncia que as provas apresentadas pela Polícia Civil até agora não justificam a prisão dos ativistas, e diz que o fato de o processo tramitar em segredo de Justiça “impede o acesso à informação e a comprovação das ilegalidades das prisões”. A organização quer que a Secretaria de Direitos Humanos se pronuncie sobre as prisões e crie uma comissão especial para acompanhar o caso. Depois da declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, alegando que "as provas eram consistentes" contra os ativistas, a ONG reivindica que o ministério “revise seu posicionamento” sobre as prisões.  Até o fechamento da matéria os dois órgãos não haviam se pronunciado sobre as críticas. Chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso, diz que "o quadro probatório é robusto e foi o suficiente para convencer o promotor e o juiz". Ele não informou, porém, qual é esse quadro contra cada um dos presos. Segundo ele, o caso corre em segredo de Justiça. Veloso disse ainda que Sininho era o "alvo principal" do grupo.
Imagem Internet
"Essas prisões são um absurdo. Elas têm caráter intimidatório sem fundamento legal com claro intuito de impedir o direito de manifestação [na final da Copa]. Acho que é uma decisão que não poderia se sustentar. Vamos entrar com pedido de liberdade ainda hoje no plantão judiciário", disse Marcelo Chalreo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que prestava assistência aos presos, no Rio. Os presos foram levados para a Cidade da Polícia, zona norte do Rio. Policiais dizem que os suspeitos planejavam fazer atos de vandalismo em manifestação programada para a final do Mundial, no entorno do Maracanã. Para estimular a discussão, o Congresso Nacional também foi acionado para promover audiências públicas sobre a prática de imputar crimes a defensores de direitos humanos e manifestantes. Ainda segundo a organização, o inquérito é uma ameaça ao exercício da liberdade de expressão e tem o objetivo de “desmobilizar, deslegitimar, intimidar e criminalizar”, os defensores de direitos.

As manifestações populares são uma das formas mais evidentes de exercício da liberdade de expressão,  fundamental de controle democrático", afirma, em nota aos órgãos.

Ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a solicitação é para que abra processo administrativo disciplinar sobre a atuação do juiz Flávio Itabaina de Oliveira, que determinou as prisões temporárias dos ativistas. Parlamentares e advogados questionam o despacho do juiz, que mandou prender os investigados, no sábado (12), argumentando que poderiam cometer um crime. “O fundamento principal da prisão é uma previsão sobre o futuro. Foram presos porque havia indícios de que fariam manifestações violentas no dia da final da Copa. É algo bastante complicado do ponto de vista jurídico. Essa decisão é característica de um exercício de futurologia”, disse o advogado das 12 pessoas liberadas, João Pedro Pádua. Mais cedo, a organização Repórteres sem Fronteira também manifestou preocupação com a liberdade de imprensa no país. Lançou campanha dizendo que “os jornalistas são os maiores perdedores da Copa do Mundo”, e assegura que 38 comunicadores brasileiros ou estrangeiros foram agredidos pela polícia ou por manifestantes, sendo 15 em um único dia. A campanha de Repórteres sem Fronteira faz menção ao protesta na Praça Saens Peña, na Tijuca, no qual todas as vítimas, incluindo um jornalista americano, foram agredidas pela Polícia Militar. Segundo investigadores, alguns presos foram flagrados negociando artefatos explosivos em escutas telefônicas. Máscaras, explosivos e armas de fogo foram encontradas por policiais em casas de suspeitos. A ONG de direitos humanos Justiça Global reagiu às prisões e disse que a ação tem o "propósito único de neutralizar, reprimir e amedrontar aqueles e aquelas que tem feito da presença na rua uma das suas formas de expressão e luta por justiça social."

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