Ordojuris.Blogspot





quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

QUEM É A FAVOR, OU CONTRA A LEGALIZAÇÃO DA "LARICA"

Apesar de ter efeitos tóxicos e de a venda ser ilegal no Brasil, há relatos antigos dos efeitos terapêuticos da maconha. De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, atualmente a maconha é reconhecida como medicamento em pelo menos tres condições clínicas: redução ou extinção de náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anticâncer; efeitos benéficos em alguns casos de epilepsia; e, melhora no estado geral de pacientes com AIDS (mas não cura a doença). No memorável poema “Morte e vida severina” o poeta João Cabral de Melo Neto coloca na boca do mestre Carpina o verso “difícil defender,
só com palavras, a vida”. Lembrei-me dele ao ler o discurso feito, na última assembleia geral da ONU, pelo Presidente do Uruguai, José Mujica. Trata-se de uma bela peça de oratória que foi muito elogiada, inclusive por amigos meus.
Menos badalado foi o encontro que Mujica teve, na véspera de seu discurso, com o megainvestidor George Soros. O motivo do encontro, pelo que li, na ocasião, nos periódicos uruguaios, foi para discutirem a política sobre drogas que o Presidente acaba de implantar no país vizinho.
No discurso fez um alerta contra o consumismo, na entrevista, aparentemente não se preocupou que o consumo, ao menos de maconha, aumentará no Uruguai, apesar de 63% da opinião pública ser contra.
Terminada a entrevista o megainvestidor elogiou a coragem de Mujica de “fazer do Uruguai um laboratório para o mundo”. E, acrescento eu, dos uruguaios, cobaias.
Neste grande debate internacional sobre diferentes formas de liberar a maconha está ficando cada vez mais claro quem são os protagonistas. De um lado, os profissionais da saúde a alertar que em todas as experiências internacionais ocorridas até agora houve aumento de consumo da droga. 
"Diz que curte a natureza, já sei que é maconheiro".
"O maconheiro esqueci quase tudo, menos de como se apertar o baseado".
"Não gosto nem de ouvir fala em maconha. Ainda mas quando não tenho dinheiro".
Legalizar a maconha para fins terapêuticos representa um avanço para a medicina. A droga é mais uma possibilidade de tratamento para dor em doenças como câncer, aids, esclerose múltipla e glaucoma. A tese é defendida por Elisaldo Carlini, psicofarmacologista, professor da Faculdade Federal de Medicina de São Paulo, (Unifesp), diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e membro do comitê de peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre álcool e drogas.
Sintra de Maconha.
Carlini faz parte de um grupo de pesquisadores brasileiros que analisa as propriedades terapêuticas da maconha desde 1960. Os estudos foram encabeçados pelo professor Jose Ribeiro do Vale, na Unifesp, e hoje têm focos em diversas partes do País. São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais reúnem os principais defensores da legalização da droga com objetivos medicinais.
Após 50 anos de estudo, a proposta é criar uma agência pública que regulamente a plantação, fabricação, e comercialização da maconha e viabilize o uso medicinal da droga, seja ele como fumo, cápsula ou spray, com controle e rigor. Portanto, não me parece que estejamos frente a um debate romântico intelectual sobre direitos, mas sim se somos a favor ou contra que o capitalismo selvagem passe a explorar este novo negócio mesmo que em detrimento da saúde da população. Afinal, há um século, a indústria do tabaco anunciava que cigarro fazia bem para a garganta e para afecções pulmonares como bronquites e asma. Agora se diz que maconha faz bem para determinadas doenças!
É mesmo difícil defender,
só com palavras, a vida.

Um comentário:

  1. "De um lado, os profissionais da saúde a alertar que em todas as experiências internacionais ocorridas até agora houve aumento de consumo da droga. "

    Isso não é verdade. Em muitos países houve até diminuição, principalmente no grupo de risco (jovens e crianças) tanto por perder o apelo de "proibido" quanto por dificultar o acesso, já que o acesso legal é somente para adultos.

    Não entendo como manter a lei atual é defender a vida. Primeiro por que maconha, por mais que possa fazer mal se abusada, nem mata - não existe dose letal de maconha nem que você tente MUITO. Segundo que morre muito, muito mais gente produzindo, transportando, vendendo e tentando impedir de vender.

    Esse história de aumento de consumo é um mito, quem quer fumar já fuma pois tem pra vender em qualquer lugar (até mesmo dentro de escolas). Quando legalizar não vai acontecer um passe de mágica e todo mundo vai querer fumar maconha, isso é uma viagem (perdoe o trocadilho).

    Se fosse só pra poder fumar, não precisava mudar nada, pelo contrário, é mais fácil comprar maconha do que pão! E to falando sério, se eu quiser comprar maconha preciso andar menos de 50 metros até a pracinha, pão fica a uns três quarteirões.

    ResponderExcluir