Apesar de ter efeitos tóxicos e de a venda ser ilegal no Brasil, há relatos antigos dos efeitos terapêuticos da maconha. De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, atualmente a maconha é reconhecida como medicamento em pelo menos tres condições clínicas: redução ou extinção de náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anticâncer; efeitos benéficos em alguns casos de epilepsia; e, melhora no estado geral de pacientes com AIDS (mas não cura a doença). No memorável poema “Morte e vida severina” o poeta João Cabral de Melo Neto coloca na boca do mestre Carpina o verso “difícil defender,
só com palavras, a vida”. Lembrei-me dele ao ler o discurso feito, na última assembleia geral da ONU, pelo Presidente do Uruguai, José Mujica. Trata-se de uma bela peça de oratória que foi muito elogiada, inclusive por amigos meus.
Menos badalado foi o encontro que Mujica teve, na véspera de seu discurso, com o megainvestidor George Soros. O motivo do encontro, pelo que li, na ocasião, nos periódicos uruguaios, foi para discutirem a política sobre drogas que o Presidente acaba de implantar no país vizinho.
No discurso fez um alerta contra o consumismo, na entrevista, aparentemente não se preocupou que o consumo, ao menos de maconha, aumentará no Uruguai, apesar de 63% da opinião pública ser contra.
Terminada a entrevista o megainvestidor elogiou a coragem de Mujica de “fazer do Uruguai um laboratório para o mundo”. E, acrescento eu, dos uruguaios, cobaias.
Neste grande debate internacional sobre diferentes formas de liberar a maconha está ficando cada vez mais claro quem são os protagonistas. De um lado, os profissionais da saúde a alertar que em todas as experiências internacionais ocorridas até agora houve aumento de consumo da droga.
"Diz que curte a natureza, já sei que é maconheiro".
"O maconheiro esqueci quase tudo, menos de como se apertar o baseado".
"Não gosto nem de ouvir fala em maconha. Ainda mas quando não tenho dinheiro".
Legalizar a maconha para fins terapêuticos representa um avanço para a
medicina. A droga é mais uma possibilidade de tratamento para dor em doenças
como câncer, aids, esclerose múltipla e glaucoma. A tese é defendida por
Elisaldo Carlini, psicofarmacologista, professor da Faculdade Federal de
Medicina de São Paulo, (Unifesp), diretor do Centro Brasileiro de Informações
sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e membro do comitê de peritos da Organização
Mundial da Saúde (OMS) sobre álcool e drogas.
Sintra de Maconha. |
Carlini faz parte de um grupo de pesquisadores brasileiros que analisa as
propriedades terapêuticas da maconha desde 1960. Os estudos foram encabeçados
pelo professor Jose Ribeiro do Vale, na Unifesp, e hoje têm focos em diversas
partes do País. São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais reúnem os principais
defensores da legalização da droga com objetivos medicinais.
Após 50 anos de estudo, a proposta é criar uma agência pública que
regulamente a plantação, fabricação, e comercialização da maconha e viabilize o
uso medicinal da droga, seja ele como fumo, cápsula ou spray, com controle e
rigor. Portanto, não me parece que estejamos frente a um debate romântico intelectual sobre direitos, mas sim se somos a favor ou contra que o capitalismo selvagem passe a explorar este novo negócio mesmo que em detrimento da saúde da população. Afinal, há um século, a indústria do tabaco anunciava que cigarro fazia bem para a garganta e para afecções pulmonares como bronquites e asma. Agora se diz que maconha faz bem para determinadas doenças!
É mesmo difícil defender,
só com palavras, a vida.
"De um lado, os profissionais da saúde a alertar que em todas as experiências internacionais ocorridas até agora houve aumento de consumo da droga. "
ResponderExcluirIsso não é verdade. Em muitos países houve até diminuição, principalmente no grupo de risco (jovens e crianças) tanto por perder o apelo de "proibido" quanto por dificultar o acesso, já que o acesso legal é somente para adultos.
Não entendo como manter a lei atual é defender a vida. Primeiro por que maconha, por mais que possa fazer mal se abusada, nem mata - não existe dose letal de maconha nem que você tente MUITO. Segundo que morre muito, muito mais gente produzindo, transportando, vendendo e tentando impedir de vender.
Esse história de aumento de consumo é um mito, quem quer fumar já fuma pois tem pra vender em qualquer lugar (até mesmo dentro de escolas). Quando legalizar não vai acontecer um passe de mágica e todo mundo vai querer fumar maconha, isso é uma viagem (perdoe o trocadilho).
Se fosse só pra poder fumar, não precisava mudar nada, pelo contrário, é mais fácil comprar maconha do que pão! E to falando sério, se eu quiser comprar maconha preciso andar menos de 50 metros até a pracinha, pão fica a uns três quarteirões.